terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tributo à mediocridade

Já escrevi diversas vezes contra a mediocridade, mas mudei de opinião (se isso é bom ou não, não vem ao caso).

O fato é que ser medíocre, tem se provado ser a melhor opção de estilo de vida ultimamente. Depois de ler uma matéria no jornal sobre um livro de argumentação científica onde uma distinta senhora - que não sei o nome, pra variar - tentou provar que faz bem à saúde não pensar muito, estudar, etc, tenho que dar o braço a torcer: é verdade.
Basta analisar as relações de parentesco e amizade que o brasileiro usa, esmiuçadas pelo Roberto Damatta (mais um lugar para ser citado, já que é o mais procurado no google depois de Marx) no famoso "Carnavais, malandros e heróis".
Como não poderia deixar de ser, não vou me desdobrar pra explicar coisa alguma sobre isso. Contraditório seria fazer uma super análise em um tributo a mediocridade. Escolhi ser medíocre. Dá menos trabalho e cansaço.
O fato é que me matar de estudar anos a fio não têm me dado nenhum fruto. Ao passo que vejo pessoas bebendo e fornicando enquanto eu estudo e que estão bem melhor de vida que eu. Financeiramente e politicamente falando ¬¬ . Pronto. Desabafei.
Não que eu respire textos e coma livros. Ou que essas pessoas não mereçam (se merecer for medido por outros fatores além do esforço).
Mas é foda.
Pego como exemplo a mim mesma (como não poderia deixar de ser). Há 2 anos na faculdade, há 1 ano e 9 meses tentando fazer pesquisa, ou qualquer coisa do gênero- monitoria, estágio, etc. Nada. Quando vejo algumas pessoas que por abrir as pernas ou ter QI - o famoso Quem Indica - passarem na minha frente.
Em termos práticos o que se segue é que eu posso ter me matado de estudar e a pessoa fulana de tal, que por meios subversivos consegui bolsa, monitoria, estágio, qq coisa, vai ter isso estampadinho no Curriculum dela, enquanto o meu continua branco.

Assim, concluo meu tributo: de que adianta estudar, se no final das contas, os (m)seus esforços vão ser vencidos por uma bunda?

Fecho esse post com cara de cu.

domingo, 28 de outubro de 2007

Alivio

Finalmente depois de 15 dias correndo feito louca pra terminar o artigo sobre super-heróis pra Semana de Ciências Sociais, terminei. Não sei bem se o que sinto é alívio ou angústia.
O fato é que fiquei tão bitolada em cima dessas páginas que não tive uma visão total do negócio. Quando terminei que comecei a revisar pensei: meu Deus, que porcaria é éssa.
Nem parecia o mesmo artigo que eu construí na minha cabeça, vulgo mundo de bob.
Acho que é por isso que algum desses artistas famosos, o que fez a estátua de Davi. Não sei se foi o Da Vinci. Enfim, o fato é que o cara dizia que para fazer uma boa obra de arte você tem que admirá-la muito antes de começar a fazer. E parar no meio do trabalho para ter uma visão de fora.
O problema é que com um mecenas, o cara tinha anos pra concluir a tal obra. Eu tinha 15 dias.
Enfim, talvez isso seja só uma justificativa besta pra aliviar a consciência, talvez não.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Situar-se: prática social ou vivência cotidiana?

Geertz escreveu:

“Situar-nos, um negócio enervante que só é bem-sucedido parcialmente, eis no que consiste a pesquisa etnográfica como experiência pessoal. Tentar formular a base na qual se imagina, sempre excessivamente, estar-se situado, eis no que consiste o texto antropológico como empreendimento científico. Não estamos procurando, pelo menos não estou, torna-nos nativos ou copiá-los. Somente os românticos ou os espiões podem achar isso bom. O que procuramos, no sentido mais amplo do termo, que compreende muito mais do que simplesmente falar, é conversar com eles, o que é muito mais difícil, e não apenas com estranhos.” [Geertz, 1978]

E quando situar-se torna-se prática cotidiana em todos os seus meios sociais?

She’s with us, but she is not one of us – all – day – long

domingo, 14 de outubro de 2007

Crise de identidade - fútil ou não?

Pros que ainda estão em crise de identidade se achando fúteis por gostarem de consumir ou de estudar as relações sociológicas dos estilistas da França, eis uma outra perspectiva sobre:

Colin Campbell, em "Eu compro, logo sei que existo: as bases metafísicas do consumo moderno" demonstra que, embora o consumo seja frequentemente visto como uma das atividades mais mundanas, para não dizer fúteis, da vida social, um olhar mais acurado pode indicar que se conecta com alguns dos elementos mais centrais da cultura e da sociedade contemporâneas, quais sejam as crenças acerca do que é a verdade e a realidade. E, em vez de aprofundar a crise de identidade, como afirmam vários autores, entre os quais Bauman, o consumo se apresenta como um caminho para solucioná-la. A ênfase moderna no individualismo e nas emoções, paralelamente à exposição das pessoas a uma vasta gama de produtos e serviços, permite que os indivíduos descubram "quem são realmente" e, assim, enfrentem seus problemas de identidade.

Fonte: Cultura, consumo e identidade - Livia Barbosa e Collin Campbell


Viu? Da próxima vez que alguém de te chamar de fútil por usar um tenis de marca, responda: meu bem, o negócio é que eu tenho um olhar acurado sobre a realidade e procuro exercer meu individualismo pós-moderno na vasta gama de produtos e serviços que posso adquirir com o meu capital.