terça-feira, 11 de dezembro de 2007

POP: abaixo a imposição da passividade burra!

A cultura pop, ou popular - para os metidos a erudição a Cultura Vernacular - é o que há de mais abrangente em termos de cultura de massa. A maioria das pessoas discute o pop em uma dicotomia: o pop como simulacro cultural, ou seja a máxima, o ideal quase surreal de manifestação cultural e de preenchimento do vazio identitário dos pós-modernos.
Outros pensam a cultura vernacular como algo raso, ignóbil, produzido em escala taylorista para as massas não pensantes. E como a maioria destes ultimos julgam-se extremamente pensantes, tendem a encaixar o pop numa categoria de "coisa-ruim-que-deveria-ser-banida-do-universo"
O que eu pretendo é defender outros pontos de vista, claro, senão não me daria ao trabalho de escrever aqui.
Bem, quanto ao primeiro conceito não há nem o que discutir. Odeio qualquer coisa que atinja um patamar de realidade completa e máxima de qualquer coisa que seja.
Eu queria mesmo é discutir com os segundos, que falam mal do pop.
Eu acredito que quando pensamos cultura, pensamos muito nos meios e por isso os confundimos com os fins.
Esse conceito de que a cultura produzida para as massas, o pop, é uma coisa rasa, tem fundamento em pensar os consumidores do pop como agentes passivos do contexto. Uma falácia. Ninguem consome cultura passivamente. Não há como negar a influencia que o meio realiza no indivíduo. Caso que não se discute, pra não entrar em redundancia mais. Ainda assim, é incabível pensar que o público aceita o pop passivamente.
Acredito que o que causa confusão é, precisamente, o fato de que o publico pop é menos rigoroso -em certos aspectos, sobretudo os técnicos - em relação à cultura erudita, entretanto, porém, contudo, existem aspectos dessa aceitação que são inegáveis.
Os "15 minutos de fama" são um exemplo disso. A industria de massa pode, e consegue facilmente, lançar artistas enlatados. A questão é o quanto de aceitação do público esses artistas conseguem. Vemos diversas carreiras seguirem um trajeto de parábola, cuja linha ultrapassa o marco zero. Isso porque o pop aceita com mais facilidade, mas depois que experimenta, sabe rejeitar também.
O erudito não. Já detona a maioria antes mesmo de provarem algum valor (o que, concordo, geralmente não têm.)

Outra coisa que eu acho que deve ser levada em conta quando falamos de cultura, e aí volto para a questão dos fins e meios, é a finalidade com a qual se está produzindo determinada coisa.
Porra, não dá pra assistir filme hollywoodiano esperando "insights" extraordinários.
Muitas das vezes o objetivo é apenas divertir. APENAS isso. Divertir-se não implica necessariamente em pensar. Como pensar também não implica necessariamente que deva ser em coisas chatas e enfadonhas.
Assim, acredito que quando a crítica erudita fala mal do pop, deveria levar em conta o que ela espera da cultura popular. Porque se espera que essa tenha um caráter erudito, vai, numa expressão popular, "pagar mico". Isso vale para todos os críticos do pop. Ler um livro Best-seller e descobrirem a resposta pra origem da vida é loucura. E já que os cabe, o papel da racionalização da vida, que sejamos, ao menos, razoáveis.

E outra coisa, fica aí para futuras elocubrações: vivemos uma sociedade individual que tem como modelo a construção da sua identidade a partir da negação das outras -cartesiana até a morte - porque não pensar, na construção da sua identidade a partir de outras? Afinal nenhum individuo é só no mundo. Somos individuos do mundo, no mundo, por mais que desejemos sair dele.