terça-feira, 20 de novembro de 2007

O fim, o vazio literário e os malditos epílogos.




Acabou. Li ontem, as últimas páginas de Harry Potter e as Relíquias da Morte. Depois de 8 anos acompanhando a série, é inevitável o vazio literário que se instaura. Confesso que deixei de pegar no livro por duas vezes, querendo adiar essa sensação.
Bem, não posso me considerar fãnática por HP. Tenho todos os livros da série e os especiais: "Quadribol através dos séculos" e "Trato das criaturas mágicas", mas não conseguiria responder com eficiência um QUIZ de fã com perguntas de notas de rodapé. E, ao contrário de meus colegas acadêmicos, que vêem a literatura pop como algo exdrúxulo, gosto de ver as capas coloridas na minha estante. De certo modo, elas me lembram parte da minha adolescência - quando ganhei de uma tia querida, que já conhecia meu distúrbio por ler e ter livros. 14 anos completos e o primeiro HP na mão. Lembro dela me dizendo: olha, não sei se esse livro é bom, mas está sendo comentado pelo mundo todo, chegou no Brasil agora. Colorido, com um bruxo sentado em uma vassoura e que diziam, morava em um armário. Dali pra frente, sempre quando chegada perto do natal, ou do meu aniversário - que é quase na mesma época - eu já ficava esperando o livro de presente. Só não ganhei os dois útlimos, talvez por pensarem que eu já não deveria me interessar por literatura fantástica, depois de passar por Marx, Weber e Durkheim. Ledo engano.
Alguns comentários breves: o livro não é surpreendente e acho que não teria pretensão de sê-lo. Fazer literatura pop ainda mais uma saga, com tanta gente de fora esperando pra ver o resultado realmente não pode gerar algo extraordinário. Ponto pra Rowling que soube dosar isso, de certa forma. Ficou claro também que já havia se não a idéia completa, um esboço muito bem elaborado da saga por inteiro. Todos os pontos - que eu me lembro - foram fechados. [em off:espero que o mesmo aconteça em LOST].
Mas o que eu gostei particularmente, foi o desenlace de duas personagens, que ao meu ver, roubaram a cena e deixaram a história principal quase como um cenário, boa parte do livro. Dumbledore e Snape. Um por ser tirado da redoma da perfeição. A onisciência do Dumbledore me irritava. E Snape, por sair de cima do muro. No fim dá até pra simpatizar com o cara de sujeira.
Aquém, a descrição das batalhas, apesar de não chegarem a uma batalha do forte das Trombetas, é muito interessante e prende a gente ao livro. Acho que se fosse criança, acharia mais divertido.
De resto é tudo normal. Nada que fugisse do padrão Harry Potter. Tudo para ser um bom livro para o fim de uma saga da literatura pop que, quer queira quer não, conseguiu um grande feito: colocar livros em prateleiras de crianças, jovens e adultos, torná-los objetos queridos não apenas por bibliófilos como eu, mas por uma ampla multidão dos mais variados olhares. Por mais que a crítica literária - ferrenha - atenha-se às tecnicas de narração e ouse denegrir a criatividade alheia, apontando falhas e recursos literários pobres como heresias da literatura, pra mim, na minha vã filosofia, isso é recalque. Nenhum cult, nunca vai conseguir ter uma amplitude de leitores como os pops - o que torna o fim o meio e o meio o mérito em si- e isso já basta para encerrar essa discussão.
Até enfiar goela abaixo o epílogo. Os malditos epílogos. Eu tenho que confessar. Eu odeio epílogos. Não sei, para que raios, um autor sente a necessidade de escrever um epílogo. Se a história acabou, finish, chega. Soa como uma justificativa pro fim da história e é sempre uma... merda. Lembro quando li, o que pra mim, é o melhor livro de Dostoievski. Crime e Castigo é eletrizante e psicótico, ou seja, divertido. Até o Fiodor, em algum acesso de imbecilidade, escrever aquele maldito epilogo. A minha pergunta é: Pra que? Não serve pra nada, além de estragar a história. É gostoso depois do fim, o exercício de imaginação do que seria o desenlace do enredo que acabou. Um egoísmo autoral de não deixar um pouco de criatividade pro leitor. Se Fiodor Dostoievski conseguiu estragar o livro com o epílogo dele, a Rowling foi além com aquela coisa toda de famíla.
Em resumo:
O livro é bom mas... se o óbvio tinha que ser escrito, que fosse até o fim apenas. Morte a todos os epílogos.

9 comentários:

Letícia Fantinel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Letícia Fantinel disse...

concordo. já me engajei na campanha. e decidi que vou passar a freqüentar esse blog.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Se vc soubesse da qualidade do livro veria que isso poderia acontecer...
Livrinho ruim! E estória péssima tb...

Unknown disse...

Mas a idéia é boa.

Unknown disse...

Taí.
O livro começa com "Um menino que morava num armário"
L.O.T.R. começa com a seguinte idéia:
"Havia um Hobbit dentro da toca"

Dizer oq disso?

Luciana disse...

dizer que as pessoas usam referencias pra criar as coisas. nada se constroi do nada :P

Luciana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

E oq foi utilizado para se criar LOTR?
Digamos que utilizou a bíblia, mas foi muito mais criativo que ela.