quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Funk: Uma expressão social e cultural da sociedade brasileira nos séculos XX e XXI.

Em um artigo que eu fiz com objetivo de abordar numa perspectiva sócio-cultural e política o surgimento do funk e a sua expansão na sociedade brasileira a partir, principalmente, do inicio dos anos 1970. Entender (num sentido fenomenológico)porque a presença do funk na vida da maioria dos jovens da periferia é tão marcante que alguns procedimentos vivenciados por eles em bailes deste gênero cultural são transportados para a sociedade, retratando a sua força simbólica e seu significado de protesto. Procurei várias matérias que falavam sobre FUNK, e uma delas me chamou bastante atenção pela concepção de cultura que um jornalista teve ao falar sobre o funk. Ele disse:
"Algumas semanas atrás estava folheando o jornal antes de começar mais uma jornada de trabalho quando me deparei com uma notícia que me deixou estupefacto: ``Tati Quebra Barraco faz turnê na Europa representando a cultura (e o feminismo) brasileiro``. De acordo com o jornal, a turnê nasceu de um convite feito diretamente à MC pelos organizadores do Ladyfest, um festival feminista de Stuttgart. Eles queriam a artista como representante da cultura brasileira. Mas Tati e Cabbet Araújo, produtor da turnê, tiveram que gastar um bom tempo tentando convencer o Ministério da Cultura, que pagou as passagens da cantora, de que o funk também é cultura. Já estava escrevendo uma coluna sobre outro assunto, quando resolvi deixar ela em segundo plano e me concentrar somente nesse tema, até porque uma polêmica como essa eu não poderia fazer pouco caso. Afinal, esse funk de hoje é cultura ?!
Eu, com toda tranquilidade, posso afirmar que não. O que é praticado hoje em dia não pode ser conceituado como cultura. Como versos recheados de ``neofeminismo`` como "Vou comer o seu marido" e "Eu tô podendo pagar motel pros homens", "Sou feia mas tô na moda" e "Dako é bom" (referência de duplo sentido a uma marca de fogões) pode representar a rica cultura brasileira no exterior?! É no mínimo descabível ! Se contarem lá em Portugal, os portugueses é que vão fazer chacota da gente! "
Bom realmente tinha que ser um jornalista para escrever sobre cultura dessa maneira. Escrita "enformada" como sempre (enformada = forma). Gostaria muito entender o que essa pessoa compreende como cultura. Para quem não sabe cultura não é aquilo que a classe dominante considera cultura, CULTURA é: totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano.Segundo Tylor a cultura seria “o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Portanto corresponde, neste sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
Talvez não seja uma produção artístico-cultural que agrade a grande maioria (para falar verdade esse estilo não entra na minha lista), principalmente a classe média com seu falso moralismo. Uma geração que cresce ouvindo e vendo(nos maravilhosos programas dominicais) músicas do tipo: "pega teccha, o leva teccha, e leva a teccha para sambar". Uma populção que sempre esteve a margem da produção cultural dita erudita e a verdadeira, produziria o quê? Produziria sua realidade, assim como os "ditos artistas verdadeiros criam de acordo com sua realidade".
Para compreender melhor o mundo funk, é preciso fazer uma abordagem interpretativa (GEERTZ, 1992) dos seus códigos simbólicos. Entender como este estilo musical foi resignificado ganhando força no Brasil com características próprias. Exaltação da violência, da sensualidade e da “quebra das regras” são as características mais ressaltadas do Funk, porém ele não se resume a tais concepções preconceituosas (que a propósito eu também já as pratiquei). Pensar o mundo funk como propagador "anarquia de valores" é ignorar a permanente negociação e interação entre os grupos distintos no que diz respeito a recriação dos códigos simbólicos no âmbito do lazer e da sociabilidade juvenil.

2 comentários:

Luciana disse...

seu único pecado... - e vc vai me matar agora - é não ter ido a um baile funk!

Anônimo disse...

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