terça-feira, 25 de setembro de 2007

Rascunhos

O homem é um ser que possui várias facetas, ou dimensões que abrangem toda a sua complexidade. Dentre elas as que se destacam nas áres pesquisadas pela ciência são: biologica, psiquê e social.
Além dessas, eu também incluiria a filosófica.
O fato é: geralmente os estudos que se faz sobre a nossa espécie são sempre unilaterais, mesmo que, de alguma forma, já se tenha mais que provado que todos esses fatores influenciam na construção do "self", ou do ego, ou do eu, ou qualquer se seja o nome que se dê à dimensão própria da consciência.
Laplantine dizia que o homem é um ser biopsicosocial, há 200 anos atrás quase. De lá pra cá, pouca coisa mudou.
O exemplo que eu uso pra ilustrar essa questão é um que, não por acaso, eu estudo com alguma seriedade: gênero e sexualidade.
Já li matérias que apontam fatores exclusivamente biológicos, hormônios, substancias químicas, genes...
Já li matérias que abordam apenas o aspecto psicológico: complexo de édipo, pulsão, inconsciente, bla bla bla
E já li, obviamente, vários textos que abordam o aspecto sociológico: grupos sociais, influências, tribos urbanas, acontecimentos politicos, etc etc etc.

E todos, sem excessão, procuram omitir ou desapropriar os outros aspectos. Típico do comportamento egoico e pueril que o Carneggie explica numa frase simples: "todos os seres humanos gostam de falar sobre si mesmos, e apenas sobre isso."


Principalmente os cientistas.

O fato é, na minha concepção, todas as visões abordadas para se discutir o problema de gênero e sexualidade que eu li até hoje, tem esse traço caracteristico: descaracterizar o resto. E por isso são incompletas, muitas das vezes bem pobres, e não alcaçam uma infinésima parte do que existe fora da teoria.
Não quero com isso dizer que eu tenho uma idéia muito mais bem acabada que ninguém não. Apenas propor uma discussão menos polarizada, talvez mais receptiva à multidisciplinariedade.
Assim sendo, proponho - a mim mesma, no meu monoblogger - construir uma perspectiva de gênero que permita o acesso a outras áreas do conhecimento. E a partir dessa perspectiva, utilizar esse método - olha eu me achando - para aplicar no meu assunto de monografia: historias em quadrinhos.

Um comentário:

Hugo Quintela disse...

Bom, falar sobre qualquer coisa que venha da Lú e meio suspeito, já que eu sou fã de carteirinha dela.

Nesse rascunho que mas parece prefácio de algum livro de escritores como Baumam (mas é claro que você é melhor que ele, ja que Baumam é extremamente parcial e reducionista em suas idéias), toda sua alma antropológica ficou evidênciada. Realmente, a uma grande necessidade na pós-modernidade (se é que existe pós-modernidade) de exercitar o 'OLHAR PLURAL' sobre as diversas significações que os atores sociais(estou sendo bem durkheimiano nesse momento) suas experiências afetivas, emocionais, trabalhistas, psicopáticas...

Tentar reduzir o ser humano em apenas em uma esfera possível, é nega-lo como tal. Como diria Roger Bastides (não sei se o nome dele se escreve assim mesmo):"eu sou mil possíveis em mim; mas não posso me resignar a querer ser apenas um deles"

Enfim, Lú você novamente foi excepcional...